segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

PUSILÂNIME

Inspirado em Symphaty for the devil


Querida, agora que sentiste
O meu mau hálito,
O meu sobretudo negro hábito
Diz adeus à vida que agora tanto carpiste.
Despe os teus seios ofegantes
Como duas pombas
Tentando esgueirar-se das grades,
E deixa a religião para os padres.
Vem partilhar sem medo
Esta garrafa de álcool
Até nascer o sol
Até perderes o medo
E contar-te um segredo…
Mas se tu estás pusilânime
Deixa-me contar-te
Que sempre estive sozinho.
Que encerrei Faraós e Césares
Vivos numa pirâmide,
Porque só eu sabia o caminho.
E fui o primeiro
A provar de Cleópatra
O tão desejado passarinho.
Por isso entrega-te sem pudor
E ajuda-me a fazer uma cria infernal
Com todo o amor
Que não existe
Neste mundo tão irracional.


Não me deixes triste.


6-12-2009


Alexandre Navarro ( Rui Sousa)

TEU GRELO

Teu grelo não morde anzol.
Teu grelo apagou o sol



Teu grelo, teu grelo,
Querida, não mintas para mim,
Diz-me quem esteve a come-lo
Num infernal festim…


Teu grelo não morde anzol.
Teu grelo apagou o sol.






TEU GRELO, TEU GRELO, TEU GRELO
TEU GRELO, TEU GRELO
TEU GRELO, ETC…




2-12-2009





RUI SOUSA
AMO-TE
Mil palavras para quê?











29-11-09






Rui Sousa
Quando os mortos cantarem
Uma imaculada história…
Quando os sonhos acabarem
Imortal seria na tua memória,
Se docemente me recordasses
Quando ferozmente amasses.









Rui Alexandre Sousa

A PRINCESA DESPERTA

Ela está nervosa
Como uma princesa ansiosa,
Esperando o seu jovem cavaleiro
Que há-de chegar sorrateiro
Dando-lhe todo o seu amor
E tirando-lhe todos os medos.
Os lábios dele nos ouvidos dela vão compor
Melodias e desvendar segredos.

Vendo-se ao espelho
Ela acaricia os seios
Em constante crescimento.
Tem no seu rosto vermelho,
A cor e os meios
De ter um amante de terno temperamento.

De repente o seu cabelo desata
Que lhe encobre as costas brancas.
As suas pernas têm emoções francas
E o luar nas suas nádegas dilata.

Ela está tão bela e tão triste…
Tem lágrimas nos olhos amêndoados.
Morde os lábios não magoados,
Porque o príncipe lhe resiste.


Ou não existe.


21-12-2006



Rui Alexandre Sousa

OS CÉLEBRES MEDÍOCRES

Falarei do ciclo das famílias
Com o poder do dinheiro.
Das eternas tertúlias
No milénio derradeiro.

Daqueles sedutores que se passeiam
Em automóveis potentes.
Sedutores que gorjeiam
Acelerações e derrapagens dementes.

Daquelas meninas mimadas
Que por anos excessivos
Engonharam e um dia se doutoraram.
Daquelas meninas enamoradas
Por carácteres inconstantes e subversivos,
A quem com ardor se entregaram
E depois com os prometidos doutores se casaram.

Daquelas festas vip onde se vê
A futilidade emancipada,
A cocaína snifada
Para não se tratarem por «você».

Aqueles que por arte duvidosa,
Por música má acompanhada por futilidades
Da prosa e por uma disponibilidade escandalosa,
São afinal os medíocres, as celebridades.



21-12-2006





Rui Alexandre Sousa

ESPANTALHO

É mais fácil amar
Os rebeldes e os intransigentes.
Não sou um sedutor,
Mas sou seduzido
Por pequenos pormenores
Que só existem nas mulheres.
Não levo a mal desprezos de mulheres,
Porque são os únicos seres que sabem dissimular.
O mais difícil conhecimento
É conhecermo-nos a nós próprios.
No breve tempo que passei contigo
Tentei pela primeira vez me dar a conhecer.
Falei demasiado de mim.
Sinto que só disse futilidades e disparates
E fiquei confuso em relação a ti.
Descobri que sou estúpido,
Por vezes arrogante
E egocêntrico.
Mas gosto muito de ti,
E talvez fosse mais feliz,
Se não gostasse tanto de ti.



Perdão, meu anjo




Beijos



Rui

AMA-ME OU MATA-ME

Cada um à sua maneira
Interpreta o que se dispõe a ler.
Estou de tristeza sobremaneira
Liberta que nem deveria escrever.

Estou completamente perdido
Sem nunca assim o ter sentido.
Sou no mundo indeciso…
Esmago irónico sorriso…
Quero chorar e ser abatido.
Quero matar e ser absolvido.

Estou do que escrevi arrependido.
Do cimo da tua pose, ata-me ou desata-me,
Que serei um palhaço por mim aplaudido.
Ama-me ou mata-me.





15-1-2007






Rui Sousa

AUTO ESTIMA

O amor faz-nos naquele
Instante parar.
No tempo imortal
Desesperar.

Sem esperança sonhar…

E nos casos de doença
Que a um só se destina
Faz perder a auto estima.




E também o crime passional se subestima…





8-11-2008





Rui Alexandre Sousa
E se quiser ser útil, não me corte na casaca,
BARBEIE-ME













Filosofeio no sossego
De uma visão imaculada.
E tu distorces-te mascarada
Para um cego?!...








8-11-2009





Rui Sousa

SENHORA CUSCA

É baixinha,
Redondinha,
De óculos
E quem a desconhece
Diz que a ninguém pode fazer mal.
Mas diz quem a conhece
Que se lhe desvela
Um pouco a vida pode ser fatal.

Disse-me que o dono de uma loja
Abria mais tarde
Porque estava rico
E não precisava de se esforçar.
Meia hora na loja esperando fico,
Porque com ele estava a cuscar.

Vá prá missa se ocultar
Demónio de saias de língua viperina.
Bem pode com os anjos sonhar
E com a bênção latina,
Porque a segurança que busca
Senhora cusca
É somente o Inferno a cuscá-la para a torturar.





26-11-2009




Rui Sousa