terça-feira, 10 de novembro de 2009

QUEBROU-SE O ENCANTO

Durante uma década
Vivi
Ou morri
Por ti.

Ninguém te amou como eu…
De Deus era ateu,
Porque eras a minha deusa.
Sei que te podia ter tido,
Mas para sempre era o meu desejo.
E agora, já não cego, vejo
Que te podia ter tido
E era indiferente num ápice
Ter-te perdido.

E agora, antiga sereia
Que te vejo um pouco lúcido,
Vejo-te muito feia.



1-11-2009
Dia dos mortos




Rui Alexandre Sousa

GÉNIO MORTO

Whisky,
Leva-me contigo
Leva-me contigo, yeah…


Um cântico:
Diva,
Diva comigo




Vinho do Porto,
Génio morto.






31-10-09








Rui Alexandre Sousa

ESTRONDO LADINO

Estou a sonhar
Galopando numa orgia irrequieta.
Estou a despertar,
Porque a porra está erecta.

Estou a pensar
Que não quero aquela marafona.
Estou a caminhar,
E todos os caminhos vão dar a cona.

E agora a cagar
Não posso esquecer
Aquele Toni, ou Tony Carreira
Quando ligeiro zurrando não parece zurrar
Os plágios de ladino…




30-10-2009

BEM VINDO A CASA (PSIQUIATRIA)

No mundo da esquizofrenia
Nem sozinho podia estar.
Escondido da luz do dia,
No escuro demónios a uivar.

Convenceram-me a tratar
Ilusão que me atrasa.
De esquecer jogos de poesia,
E assim ouvi falar:
-Bem vindo a casa…
Psiquiatria.

Por conviver com outros pacientes
Resolvi mostrar bom ar.
E os meus elevados docentes
Disseram após julgar:
-Para o mundo podes voltar!

Andei no mundo aos círculos
Aparentando ser normal.
Vi normais tão ridículos
Que me apeteceu ser anormal.

E assim de poesia levantei asa.
E voltei a ouvir alguém que dizia:
-Bem vindo a casa…
(Psiquiatria)


Isto é só um poema.
Não queria dizer…




24-8-2007





Rui Sousa
Não gosto de ter esquizofrenia.
Não consigo interiorizar filosofia.
Não creio no âmago da teologia.
E de mim, por vezes foge a poesia.

A minha poesia tornou-se sincera
E eu tornei-me um falso poeta.
A minha mente é habitação de Megera
E o meu coração envenenado cometa.

A ti, musa diferente
Que dás verso à poesia
Que caminhas sempre em frente
Apoiada na filosofia
Desconheces a minha vã teologia
Que já ignoro como brutal heresia.

Que diferença faz dizer
Que foi Abel que matou Caim?
Se nos extremos está Lúcifer
E nos extremamos assim?

Que estranha confidência
Te poderia desvendar,
Se te estou a venerar
Por mandares na coincidência!





22-2-2009




Rui Sousa

OLHOS DE RUBI

Os olhos de tom castanho claro,
As claras avermelhadas,
Olheiras roxas.
Seu amante me declaro,
E as pupilas dilatadas
Insinuam que lhe devore as coxas.
De repente, uma cintura perfeita senti,
Embriagado pelos olhos de rubi.

Os seios molhados desejam carícias inconstantes.
Os mamilos mais duros, mais raros que diamantes.
Já do cu o cono distante,
Coçando-se na verga hesitante
De avermelhar
As nádegas da cor do luar.
Os cabelos de ouro com as mãos prendi,
Olhando nos olhos de rubi.

As pernas de seda transparente tapadas,
Com vigor apalpadas, num momento destapadas,
São pelas mais presunçosas invejadas.
O monte de Vénus molhado,
Às minhas mãos colado e quase arrancado.
O vulcão a contrair e expelir
Lava, e a porra grossa e torta que novamente lhe meti,
Mais contracções na vulva se fazem sentir.
No final o clítoris lhe mordi,
Olhando nos olhos de rubi.



1-8-2006





Rui Alexandre Sousa

CLÍTORIS NUCLEAR

Se eu fosse fazer
Com qualquer mulher
O que só é possível contigo,
Causava-lhe infernos de dores
De onde tu só obténs prazeres.
Eu tenho mulheres de todas as cores.
(parecem-me todas iguais)
Quero partilhar
Ementas vaginais,
Líquidos menstruais
Que vão desaguar
A orgias infernais.
Aqui estou eu na tristeza
Que me pode consumar,
A princesa que tem a destreza
De ter o clítoris nuclear.
Eu vi-te a chorar
Por um sentimento ordinário.
É um caminho tão tortuoso e solitário
Estimular o teu clítoris nuclear.
Se tu precisares de carinho,
Ou de algo mais que um amigo
Eu estarei sozinho,
Exposto ao perigo.
Não quero a tua fidelidade.
Por quantos minutos guardaste castidade?
Quero te torturar
No prazer e na vontade
Que pode aniquilar
Toda a humanidade.



16-7-2009




Rui Sousa

MADAME DAS TRAÇAS

Artistas nas ruas com ideias cruas
Glosam motes de guerra.
O céu bélico desaba na terra,
E cantam-se e pintam-se mulheres que nas ruas dançam nuas…

Mais que tudo isto me incensa
Uma casa abandonada,
Onde uma mulher de feição maculada,
Na vida feitora da doença,
Na janela discreta presença
Me faz ter uma crença.

Madame das traças
Com o coração cheio de amor.
Entre humanos da mesma cor,
Também distinguem raças.

Madame das traças,
Terás um dia sido amada?
Terás sido desejada
Como uma só mulher que encerra em si todas as graças?...




12-5-2006





Rui Sousa