segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

XXIX

Cagando estava a dama mais formosa,
E nunca se viu cu de tanta alvura;
Mas ver cagar, contudo a forosura,
Mete nojo à vontade mais gulosa!

Ela a massa expulsou fedentinosa
Com algum custo, porque estava dura:
Uma carta d’amores de alimpadura
Serviu àquela parte mal cheirosa:

Ora mandem à moça mais bonita
Um escrito d’amor que lisonjeiro
Afectos move, corações incita:

Para o ir ver servir de reposteiro
À porta, onde o fedor, e a trampa habita,
Do sombrio palácio do alcatreiro!





POESIAS
ERÓTICAS,
BURLESCAS
E SATÍRICAS



Manuel Maria Barbosa du Bocage

EPÍLOGO

Nunca mais te vou procurar.
Nunca mais te vou incomodar
Com a futilidade do amor.
Nunca mais verei a cor
Arrogante e invisível no ar
Que me está a afundar.

Ela insinua o que quer
E todos se dispõem a interpretar.
Ela tem na mente o poder
De nunca se rebaixar a amar.

Nunca mais a corrente do rio
Que corre racional para o mar.
Só da minha voz o calor frio
Que me está a afogar…





2-4-2007






Rui Sousa
Fedorento gato
Ignora a carcaça de um rato.
Por ti, citadina gata,
Vagueio na sombria mata.

Inconscientemente decorei
Nocturnos atalhos.
Soluços como retalhos
Com o silêncio desabafei.
E aos morcegos suguei
O hábito, e aos corvos os ralhos.

Não sei o que me espera
O civilizado dia.
Sei que o que me desespera
É simplesmente a tua magia.





13-2-2008





Alexandre Navarro

SOBREVIVO

Caminhando na bruma
Ouço um corvo:-Cr…f..ffo…foda-se, já?
E caminhando:-Olá!
Pisei uma rosa em espuma.

É talvez um presságio
Da revolta da escravidão
Do torturado coração,
Do mental naufrágio.

Vapores de Inverno
Retardam a alvorada.
Odores do Inferno
Na mente assombrada.

Para tanto encanto
Tenho de ser esquivo.
Para teu espanto,
Sobrevivo.





21-1-2008





Alexandre Navarro e Carvalho Tristão

BONITA, SÓ AMARRADA

Oh querida, querida arredia
De sentidos humanizada.
Deixa-me a fronte fria
Da tua afeição improvisada.

Bonita, só amarrada
E podes excitá-la.
E podes abandoná-la
Com a fronte ejaculada.

Oh querida, tão amarrada
E continuas arredia,
Com a fronte sombria
E com a pele molhada.

Deixa-me morder-te o sexo
Embaciando o espelho.
Brancura de reflexo
Onde escorre vermelho?

Bonita, só amarrada
Serás mais bem amada.
Fecundada e ejaculada
Na fronte mal humorada.




30-4-2007




Rui Sousa
Achas que fiz mal
Em te criticar?
Porque me estás a olhar
Com essa cara menstrual?
Os polícias são como os bandidos,
Só atacam em grupo.
E quando estão bêbados.





18-7-2008







Rui Sousa

A ARTE COMO MAJESTADE

Um sentimento em dois partes
Procurando a poesia perfeita.
Quando uma arte é bem feita
Pode englobar todas as artes.






23-10-2008







Rui Alexandre Sousa

EXISTIA UM CAMINHO

Não vou abrir a porta
Nunca mais.
O meu espírito se conforta
Com melancolias não ocasionais.
O meu desejo comporta
Desejos animais.

Houve um tempo
Em que voltei a sonhar.
Ouve por um momento
O vento a petrificar.

Existia um caminho
Por onde não precisava
De me apressar.
Agora estou sozinho,
E a porta quero trancar.




13-12-2008




Rui Alexandre Sousa

MAIS FATAL…

TU TENS SIDO TANTO
E NÃO QUERIA SER TÃO POUCO.
E DE DOR SEM PRANTO
DEIXASTE-ME LOUCO…

Tu pensas que me podes seduzir
E abandonares-me a morrer?...
Tu pensas que podes sorrir
E apaziguar o meu sofrer?...

Oh, querida, não sejas tão arredia.
Afrodite de coração egoísta
Não maltrates um masoquista
Que nas íris dos teus olhos de magia
Sou um crédulo devoto sacrista.

Por tudo isto trata-me mal.
Cospe-me e bate-me…
Com as tuas lindas mãos abate-me
Que o desprezo é mais fatal.




5-3-2008




Rui Sousa
Montado em Rocinante Dom Quixote meditava
Parado na via esquerda da Ponte Vinte Cinco de Abril.
Com ar soberbo na sua lança empunhava
Um carro que vinha bufando na outra via…
(Nigromante descarado e febril)
E vendo dois monstruosos camiões
Capacitou-se de nunca ter tido alucinações.





Isto é um desafio a um pintor…




Rui Sousa
Tens tamanha armadura mental
E um coração tão maquinal.


Por ti, sozinho na noite errava
Por mais tristeza que em mim encerrava.
Quando a chuva desvendava
O meu corpo que tresandava.

Para quê sincero sacrifício,
Se vejo em ti falsidade e artifício?



«Divina te julguei»pela beleza,
«Humana vejo que és pela fraqueza».




Imitado de Bocage



30-4-2008

SENTIDO…

Um filho não desejado
Durante três décadas
Por ele não desejadas
Torna-se um homem amaldiçoado?

Alcoólico?
Melancólico,
Não serás misericordioso
Por uma entidade divina?
Paranóico,
Não serás mais vaidoso
Que uma podre vagina?

Estou tão perdido
Para tão pouco que entranho?
E sentindo-me tão estranho
Tudo isto fará sentido,
Não sentido?






26-5-2008




Rui Sousa

ESPERTOS

Vocês são tão espertos
Que desconhecem a demência.
Não sabem que a inteligência
É oculta dos gestos certos?

Vocês que regem países
Temam o povo roto e nu.
Vocês de rostos felizes
Não sabem que têm cara de cu?

Robots que falam de pedagogia
Têm curtos circuitos de hipocrisia.
Pedantes que espumam da boca porcaria,
Temam a poesia.

Vocês que são tão vulgares
Querem ser imortalizados.
Vocês que são tão vaidosos
São hermafroditas procriados?





13-12-2007






Rui Sousa

ESTRANHOS CONHECIDOS

Um ambiente de amor
Pode trazer más lembranças.
Devo esquecer a dor
E crer em novas esperanças.

Um anjo delicado
Vivendo com o ser errado.
Talvez fosse abençoado
O nosso passional pecado.

Nas trevas da noite sonhar…
Desabafar com criaturas estranhas
O amor que me ferve as entranhas
E sozinho rir e chorar.







13-6-2008






Rui Sousa

ANEURISMA SOFIA

O meu corpo está a morrer,
Mas a minha mente continua a correr…

A lua cheia rodeada por nuvens carregadas
De contrastes, resplandecia…
As estrelas brilhantes apagadas
Por um sopro da tua magia…

Numa noite de paixão
Cedo me invadiu o dia.
Viola-me o coração,
Aneurisma Sofia.

Vem clarear
Vinhos turvos.
Vem turvar
Homens curvos.

O vento reina na noite
Gélida, e o meu coração ousadia
De condensar o mundo num só açoite,
Tal a beleza que me inebria.






1-4-2006






Rui Alexandre Sousa
SOFIA NA MINHA MENTE, PORQUE HÁ UMA DÉCADA A VI AINDA ADOLESCENTE E JÁ TÃO LINDA, TÃO MULHER E COM UMA PERSONALIDADE TÃO FORTE, O MEU CORAÇÃO AOS POUCOS FOI SOFRENDO UM NOVO AMOR ATÉ QUE DEIXOU DE ME PERTENCER.



Frenético e suado deixou-me o teu olhar…
Um anjo dos céus na terra que me faz mendigar
Alegremente um esquivo sorriso,
Fazendo-me andar no mundo indeciso…

Um peito esbelto que esconde um coração
Imóvel que as minhas pulsações acelera.
Uma ninfa de pele prateada que brilha na minha escuridão.
Um aroma de mulher que me faz pensar:De que passado
Século,de que florido palácio criada fugitiva para mim viera?...
De que universo, em que era
Descera para me fazer sentir amado?...





17-3-2006





Rui Alexandre Sousa

PELOS OLHOS DO CORVO

A noite vai alta no pinhal
Onde caminho silencioso.
Estou dos meus sentimentos receoso.
Vou estravasar o meu mal…

Vejo poucas estrelas, não encontro a lua.
No escuro, piso estranhos concretos.
Sufocam-me risos como novos dialectos.
Por um momento claridade insinua
A frieza de uns olhos pretos…
Gostava de te aqui ter nua.

Novamente os olhos pretos…
Com voz rouca e tremida pergunto:Quem mais aqui está?
Sons estridentes sabem dos meus afectos:
Crá, olá, Rui…Olá…
Amor, só mesmo a morte te dará!

Pela humanidade malquisto
No mundo resisto.
Pelos olhos do corvo fui visto.





2-8-2006





Rui Sousa

MINHA QUERIDA AVÓ

Trinta e um anos de convivência
Não esquecem nem à fria inteligência.
Esta vida está tão estranha, e eu mais só.
Tu eras amparo na minha decadência.

Quisera ter a arte e eloquência
Ao escrever na dor da tua ausência.
Parece que no teu quarto ainda te sinto,
De relance parece que ainda te vejo
Sentindo no corpo tanta ansiedade.
Olhando para o céu estou faminto
De te dar na testa muito mais que um beijo
Com que mitigue esta dor e eterna saudade…





Rui Alexandre Almeida Sousa






15-1-2009

Há um século atrás isto não seria uma DESILUSÃO

O meio dia
Estoirava num sussurro…
A meia noite
Num relâmpago obscuro.
Separados se calavam
Até que se juntaram
E gritaram
Que alguém amas criança.
Quem beneficia dessa aliança?
Para que queres um marido?
Porque é que fazes de um estúpido
Ainda mais estúpido?
Queres ser uma parideira?
Tu conheces as grutas da Fujaca?
De meio metro um cono de saca.
Queres fazer grossa asneira.
O amor não atura uma década
Os tempos modernos.
Se eu sou alcoólico?
Nesta era defecada
De confusões e sentimentos internos
Não careço de vendido astronómico.
Tu amas-me badalhoca disfarçada?
Seduziste-me e sugaste
Os meus sentimentos?
Alimentas-te de paixões
E comes às refeições ementas de corações?

Alguém me chamou:
«Levanta-te vadio.
Veste o agasalho
Do hipócrita mundo.
Abunda do vazio
E escuta o ralho
Do coração profundo…»

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend
The end

11-1-2010

Rui Sousa

POEMA DE SANGUE

Porque não queres sofrer
O meu sangue no teu?
A tua preciosa jóia.

Agora tenho de combater.
Diante os meus olhos Gabriel apareceu…
Aqui será Tróia.

Mas Gabriel só mostra desprezo
Das trevas o dom.
E num celestial terrível tom
Diz que não me quer morto ou preso
Que o sol está a nascer
E seria bom
Encontrar outro sítio pra me esconder.

Como sonho
Com aquela mulher
De pele nocturna no dia.
Quão será medonho
Se a sua pele branca morder
E vermelho escorrer entre gritos de agonia…





24-1-2010





Alexandre Navarro

FÉNIX RENASCIDA DAS CINZAS DO TABACO?...

Embora aqui caíssem bombas
Nem um passo arredaria deste lugar,
Porque os teus seios são duas pombas
Que eu quero libertar.

(paz na terra)

Mas tu amas friamente…

(guerra na minha mente)

Amar escondido na serra
Num penhasco resvaladiço
Sem temor ou enguiço.

Por isso:



A Fénix esganei
E fumei.
E num maço de tabaco
A transformei.




24-1-2010





Rui Alexandre Sousa

DENEGRI(-ME)

Amado e acompanhado pela solidão
Para o mundo saí
Embriagado por ti,
E só arranjei confusão.
Hipócritas te foderam.
Drogados ficaram
Viciados em ti.
Doutores te perderam,
Olhos frios derramaram
Lágrimas que quase senti.
Arranjaste um novo amor
E mataste todos os antigos amores.
Emancipaste ainda mais a dor
De drogados e doutores.
Todo este tempo estive
Amado e acompanhado pela escuridão
Como um bruto doido varrido.
Afinal do sol a matinal iluminação
Tenuamente se sobrevive,
Porque pouco se é concorrido.
E ao passado louco que vivi
Até a minha carismática e perfeita avó denegri.
E era eu que devia ter morrido.




21-1-2010


Rui Almeida Sousa

E culpado e revoltado escrevo uma quadra de António Aleixo:

Uma mosca sem valor
Poisa com a mesma alegria
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria

ROTINA

ALVORADA, COMO É LINDA…
E A MINHA TRISTEZA NÃO FINDA…
PESSOAS, CAFÉ, MEIO DIA
APOLO NÃO ME INSPIRA POESIA.

Foi-se o sol
Álcool
Meia noite
Bateu à pouco
Rápido como um açoite
Quero falar e sinto-me rouco
Porém, arraçado de louco

ALVORADA, COMO É LINDA…
E A MINHA TRISTEZA COM A NOITE NÃO FINDA…
PESSOAS, CAFÉ, MEIO DIA
APOLO NÃO ME ISNPIRA POESIA

Foi-se o sol
Álcool
Meia noite
Bateu à pouco
Rápido como um açoite
Quero falar e sinto-me rouco
Porém, arraçado de louco, etc…



Alexandre Navarro






5-1-2010
Mulheres que muito amam
E por isso são casadas.
Mas gostam de por outros serem desejadas.
E dos seus olhos infiéis fervem paixões que a tudo enganam.

Não sabe a diferença
Que vai de uma doutora
Para um autodidacta?
Ou quer se divertir sendo a minha doença?

Nunca leu jornais?
Não é só nas famílias humildes
Que ocorrem os crimes passionais…







4-1-2010






Rui Sousa
As seguintes palavras
São um desperdício de talento

O NECRÓFAGO PAPAGAIO


Este papagaio
Já sabe muito do mundo.
E o que repete é colhido com riso imundo
Que eu não aturo, nem caio. Merecias vaias

É necrófago, porque colhe
Adeptos pouco inteligentes
Que nas suas «bicadas» dementes
Patéticos se riem (e os que não) ele os escolhe
Para as mais infames provocações.
Quem me dará de aço um escudo
Para me defender deste pencudo
E não o deixar soltar as frustrações?

Tal personalidade e figura
Um gozo se me afigura.
Mas cospe na pintura
E vomita em cima da literatura.


UM GOZO ÉS CERTAMENTE…
E QUERES METER PENCA EM CU DE GENTE…