quarta-feira, 30 de setembro de 2009

MORTO OUTRA VEZ

Quando o poeta morre
A sua poesia tem mais vida.
Musa esguia e esquiva…
Tesouro que corre
E assim desconhece a ferida
Que chama por uma chama viva.

Só tenho amor
Por quem sou desprezado.
Quisera sentir a dor
De ser maltratado.

Esconde a morte o meu vestuário
Colorindo os desenganos.
Ardentes olhos são afinal enganos
Que queimavam o sedentário.

Estive uma década morto
Submerso em azeite quente e pez.
Acordei, avistando num porto
Os teus cândidos e lindos pés.
Agarrei-os derreado e torto.
E por eles imaginei a tua altivez.
E com o peso e o desconforto
Pisaste quem não vês
Que prefere ser um vivo aborto
Do que morto outra vez?...






26-11-2007

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