As cervejas e os beirões acumulados
Que da tradicional cirrose lusitana,
Por figados nunca de antes navegados
Passaram ainda além de trabuzana
Em rostos e copos quebrados
Mais do que prometia a estupidez humana,
E entre gente bêbada edificaram
Velho figado que tanto maltrataram.
E também as memórias desgostosas
Daqueles bêbados que foram dilatando
O estômago, os bolsos, as bebadeiras viciosas
Dos bares de Portugal que andaram devastando.
E aqueles que por bebadeiras valorosas
Se vão do fio da vida libertando,
Vomitando, espalharão por toda a parte,
Se a tanto lhes ajudar o dinheiro, e tal arte.
Reclinai por um pouco a brutalidade
Que nesse brusco gesto vos contemplo.
Que já se mostra qual na inteira criminalidade,
Quando bebendo ireis ao desejado templo
Onde mora a fatal necessidade,
A greta, seguireis o paternal exemplo
De bebadeiras e punhos poderosos
Em hospitais, clientes numerosos.
1997
Rui Sousa
terça-feira, 16 de março de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário