sexta-feira, 27 de março de 2009

"Alazão da noite"

A escuridão protege o meu lado interno.
Os meus olhos ardem no escuro, procurando ver
O que não tem razão de ser…
Meu lado externo.
Na escuridão o humano é desengonçado
Como que convidado
A entrar na boca do inferno.


O cão alucinado fareja aventura.
A voz afogada pela visão da noite fedia…
A gasolina derramada, repelia o ser paciente,
O cheiro a vagina podre pedia mais ambiente
No meu território?
No teu império.


As velhas escadas rangiam de dor,
Auxiliando pessoas contra o meu odor,
Cansando a minha vista.
Mortos e doentes, senhor do pavor.
A minha conquista.


Anjo da morte vem com inexistência
E transporta-me para qualquer existência.


Prédios e estradas chegam ao Pólo Árctico.
Filhos das formigas devastam milénios de sabedoria,
Tentando iludir com previsões de harmonia
A mim, filho do lince ibérico.


Aclamei por refúgio em todas as serras de Portugal,
Em anseio de uma que não me responda mal.
Querem que sejais um demónio em desespero,
Paraíso infernal, eu confesso o que procuro.


Alazão da noite vem com inexistência
E leva-me aos destroços de outra existência.



1995

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