sexta-feira, 27 de março de 2009

"Musa segunda"

Os sinos funerários afinam.
A tempestade fica, teimosa.
Nasceu uma musa na Pampilhosa?
Que a escrever excita,
Desgraçando incita.
E quando, em jogos, a fala meneia,
Faz de qualquer poeta um rouco,
Evitando a linguagem feia,
Deixando tudo na opinião de um louco.


Quando corpo feminil
De formatos exóticos
Procura corpo viril
De abafados trópicos,
Com ternos olhares
Que ferem…e ela disfarça
Instinto carnal, fazendo graça.
Tens amores, ou ardores.


Doravante meu ardor
Parecerá uma ligeira fraqueza.
Ela nunca perde o controle.
Eu, sentindo amor,
Procuro a tristeza.
Sou aquilo que a terra engole.


1995

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